26 de junho de 2012

Quem precisa de currículo?

Paradoxalmente, na medida em que eu parei de enviar currículos para empresas ou para esta ou aquela instituição de ensino, as oportunidades surgiram com muito mais frequência na minha vida, em diferentes campos de atuação, na consultoria, nas palestras, nos treinamentos e na docência.
Quando você lê o currículo de alguém é capaz de encontrar 20 anos de realizações extraordinárias e nenhum erro de digitação. Por quê? Pelo simples fato de que fomos treinados desde pequenos para não errar. Dessa forma, ainda que as pessoas não possuam, é interessante colocar somente coisas boas no currículo, inclusive idiomas que não dominam com perfeição.
De maneira geral, as empresas buscam pessoas livres de defeitos, com ampla experiência, tecnicamente capacitadas, comprometidas ao extremo, com alto quociente de adversidade, inglês, espanhol e mandarim fluente, dispostas a trabalhar em qualquer lugar do mundo. E, acima de tudo, bonito e sexy.
De acordo com Seth Godin, guru do marketing, as empresas contratam pela perfeição, gerenciam pela perfeição, avaliam pela perfeição e, na maioria dos casos, recompensam pela perfeição. Então, qual é a surpresa com as pessoas que gastam preciosos minutos tentando atingir a perfeição?
O grande problema do currículo é que ele nunca chega sozinho na mesma empresa. Juntam-se a ele milhares de outros currículos enviados de diferentes fontes e círculos de relacionamentos, todos os dias, ou melhor, a cada minuto, por meios eletrônicos.
Se o envio for feito por e-mail, de forma aleatória, sem qualquer vínculo com o recebedor, há uma grande probabilidade de que vá parar direto no cesto de lixo ou no lixo eletrônico. O fato é que a maioria das empresas não disponibiliza vagas no jornal e poucas são aquelas que analisam currículos recebidos por e-mail. A contratação acaba sendo feita por indicação.
Agora vou lhe dizer porque você não precisa de um currículo. Ser bom é muito fácil nos dias de hoje. Todas as pessoas que conheço lutam para ser boas naquilo que fazem. Em geral, o mercado precisa de profissionais de boa aparência, boa iniciativa, formação compatível e domínio de um ou dois idiomas.
Na prática, isso é o que se chama de commodity, coisas que todo mundo faz, várias empresas fabricam e o planeta inteiro precisa, ou seja, o básico. Agora, ser requisitado, desejado, comentado e cultuado sem precisar de currículo atende a uma questão fundamental: você é indispensável e único naquilo que faz?
No mundo extremamente competitivo e inteiramente conectado de hoje, a melhor forma de apresentar o seu currículo é se tornar uma referência naquilo que faz. Quando você imprime foco no trabalho e se torna um especialista, ao contrário do que dizem por aí, você cria seguidores. Generalistas conseguem qualquer emprego e ganham o suficiente para sobreviver. Especialistas tornam-se referência e são disputados a peso de ouro.
Aqui entre nós, você confiaria seus lindos olhos a um cirurgião geral para uma correção da miopia? Lembre-se da máxima de Jack Trout e Al Ries, em seu fantástico livro Posicionamento - A batalha por sua mente: quem quer ser tudo para todos acaba não sendo nada.
Se as empresas não querem mais currículos, como é que você pode ser encontrado? Aqui vão algumas dicas que poderão ajudá-lo a melhorar o seu "índice de localização", se é que podemos utilizar esse termo:
Presença nas mídias sociais: Facebook, Twitter, LinkedIn e Youtube. Goste ou não goste, não se pode mais ignorá-los, entretanto, se a sua principal mensagem no Facebook é do tipo "pessoal, tô indo nanar", dificilmente alguém vai contratá-lo por isso.
Nem bom nem perfeito: ser bom significa ser mais um na multidão; ser perfeito significa que não há mais nada melhorar; portanto, seja único; ser único significa ser diferente e com vantagens competitivas bem definidas.
Seja onipresente: se você está temporariamente fora do mercado, ninguém vai até a sua casa perguntar se você precisa de emprego e quer ganhar dez mil reais por mês; talento e preparação você já tem; o que você precisa é encontrar a oportunidade e isto só se é possível quando você aparece, conversa, pede e se faz presente.
Torne-se uma referência: não importa se você é jardineiro, pintor, instrutor ou cozinheiro; a sua dedicação e a sua forma única de fazer o que faz criarão o marketing que tanto precisa para ser localizado. Por que você atravessa a cidade para consultar o seu ótimo dentista se perto da sua casa existe outro tão bom quanto ele?
Amplie sua rede de relacionamentos: mais de 90% das oportunidades de emprego, consultoria e trabalho em geral não está disponível no jornal e na internet, portanto, mantenha contato com todas as pessoas que, de alguma forma, podem ajudá-lo; ofereça algo de valor primeiro e a lei da reciprocidade entrará em vigor.
Por fim, lembre-se de que o seu melhor currículo é a sua história pessoal e profissional. Se a história for boa, não há porque se preocupar com o currículo; o mundo se lembrará de você enquanto estiver por aqui e sentirá sua falta quando for embora.
Pense nisso e seja feliz!

Mídias sociais: compartilhar ou morrer

Evaldo Costa
Bacharel em Direito e em Ciências Contábeis, Mestre em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas e Coach credenciado pelo ICI com especialização em varejo no exterior. Atualmente, exerce a função de diretor-presidente do Instituto das Concessionárias do Brasil onde presta consultoria a empresas do varejo, profere palestras em temas como vendas, motivação e atendimento ao cliente e atua como facilitador em treinamentos. Atua também como professor de cursos de MBA para diversas entidades. Como escritor, possui diversos artigos publicados em jornais e revistas. O livro "Como Garantir Três Vendas extras Por Dia?" é sua produção intelectual mais recente.
A humanidade está sempre em processo de evolução e transformação. Entender, aderir e interagir com as mudanças significa evoluir. Já resistir a elas, pode significar a morte. Foi assim em todos os estágios da humanidade. magine um empreendedor que tenha resistido à chegada do computador. Como você acha que ele deve estar se virando? O que você acha que aconteceu com os empresários, que nos séculos 18 e 19 resistiram à Revolução Industrial? Imagino que não tenham muita história para contar.
Pois é exatamente isso que vem ocorrendo na Era da Informação, em que as mídias sociais têm provocado grandes mudanças na vida das pessoas e das organizações em quase todas as partes do globo terrestre. O que fazer: resistir ou aderir? Independente de ser uma empresa ou pessoa física, você não tem muitas opções. Ou aceita compartilhar ou será atropelado pelo movimento. E as suas chances de voltar ao cenário serão insignificantes.
Então, se é assim a partir do momento em que eu já adotei ou estou prestes a interagir nas mídias sociais, como devo agir? Primeiro você deve saber que é importante cuidar da sua imagem, assim como o faz quando vai a uma festa, teatro, viagem etc. A diferença é que ao sair para um evento você cuida do cabelo, coloca a melhor roupa, perfume, sapatos e se comunica face a face com um número limitado de pessoas.
Na mídia social, seu universo é muito maior. O perfume e as vestes são substituídos pelo seu talento de se comunicar virtualmente. Você tem a oportunidade de se conectar e se tornar conhecido por aqueles que podem ter interesse no que você faz. Para isso, você terá que dedicar seu tempo para interagir e sair da obscuridade.
A exposição é muito maior e os riscos de se deparar com críticas, comentários desagradáveis, reclamações sobre você, sua empresa ou seu produto, também. Uma certeza você deve ter: os seus clientes estarão sempre online e se você valoriza a sua reputação, é bom estar online também, pois só assim protegerá melhor a sua marca e seus interesses.
Caso não tenha uma ideia clara de como interagir nas mídias sociais, abaixo seguem algumas dicas que poderão lhe ajudar a colher bons frutos:
1. Preocupe-se com a sua imagem - Nada deve ser mais importante do que o seu nome e reputação. Portanto, você não deve publicar nada que não colocasse em um grande outdoor.
2. Crie, inclua-se e interaja com grupos de interesse comum - Caso você queira aderir às mídias sociais para fazer negócios, trate logo de dizer de forma cristalina o que você faz e mantenha as pessoas conectadas. Entenda que conversas entre os integrantes sobre o seu mercado serão inevitáveis. Cabe, portanto, a você encorajá-los para um bate-papo agradável e alinhado aos interesses das partes.
3. Trate criticas como oportunidades - Não encare as reclamações como problemas e sim desafios capazes de construir pontes e evitar muros entre vocês.
4. Seja proativo - Coloque tudo de positivo que puder sobre você e sua empresa na rede online (depoimentos, prêmios, vídeos etc.).
5. Mantenha o foco no que interessa - Tem muita gente que quer apenas fazer barulho e atrapalhar a sua trajetória. Se isso ocorrer, trate o assunto com seriedade, mas não alimente nada que não lhe acrescente pontos positivos.
Agindo assim, você sairá da obscuridade e terá um bom começo neste mundo que a cada dia está mais conectado pela rede virtual. Lembre-se do que reza o provérbio chinês: "Há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida".
Pense nisso e ótima semana!

4 de junho de 2012

A arte de mexer no time sem sair de campo

No ambiente corporativo, ouve-se muito falar que “em time que está ganhando, não se mexe”. Bobagem! Seja porque o craque está cansado ou porque o técnico adversário mudou os jogadores de posição, o gestor competente pode e deve ter coragem de realizar mudanças.
Talvez pareça contraditório, mas a revisão e a melhoria de processos, que constituem um dos pilares dos Advisory Services, são inerentes ao bom processo em si. E, uma vez que suas finalidades – melhoria de fluxo, ganho de eficiência e barateamento – são aspirações comuns a todo tipo de organização, a revisão de processos pode e deve ser incorporada à gestão de todas as empresas, independente de porte ou segmento.
Em uma grande indústria ou numa pequena loja, em uma entidade beneficente ou numa instituição financeira de grande porte, prevalece sempre uma dinâmica parecida: primeiro, as atividades se desenrolam num ambiente em que diferentes áreas e departamentos interagem, de maneira nem sempre alinhada ou integrada; segundo, as mudanças e inovações costumam ser recebidas com desconfiança.
Por isso, nas empresas e entidades em que a revisão de processos é uma novidade, o trabalho requer um verdadeiro aculturamento. Nessas situações, costumam se revelar casos peculiares, como o do gerente de área que mantém seus controles em planilhas de Excell guardadas em seus arquivos pessoais, em vez de compartilhar tais informações nos diretórios comuns; ou o do estagiário que “responde” por um determinado setor, gerando distorções de função e comprometendo a qualidade e a credibilidade do trabalho final.
Controlar as expectativas do alto escalão, que tende a esperar resultados muito rápidos, é outro grande desafio. Afinal, nem sempre é possível atender a essa expectativa, em virtude do próprio ritmo da equipe, que precisa ser preparada para lidar com uma realidade diferente.
Porém, o mais importante de tudo é saber cativar o time de tal modo que ele interprete a presença do consultor externo como algo positivo, e não como uma ameaça ou como sinônimo de “mais trabalho e mais problemas”. Criar essa sinergia favorece a conquista de bons resultados, porque é junto das pessoas que atuam no dia-a-dia que se pode identificar os pontos nevrálgicos da organização, analisar custos e benefícios de diferentes metodologias (desse modo, evitam-se erros como o de implantar ferramentas caras e complexas que seriam sub-aproveitadas) e perceber quais são os caminhos mais promissores a seguir. Muitas vezes, o processo de revisão funciona como catalisador das necessidades que estão em curso.
Enfim, revisar e melhorar processos requer olho clínico e habilidade para aprimorar o que está sendo bem feito, e também para detectar riscos de fraude, lacunas na segurança e fatores que podem acarretar ineficiência, levar à perda de oportunidades ou atrapalhar a conquista dos objetivos almejados. E o campo de possibilidades de atuação é infinito: áreas de administração, finanças, controladoria, tecnologia da informação, gestão de estoques… Tudo é passível de aperfeiçoamento!
E, seja feita por uma equipe interna, por um time misto ou por especialistas terceirizados, a revisão e a melhoria de processos devem obedecer a três etapas fundamentais: a identificação e o mapeamento dos controles e riscos, a apresentação das propostas de solução, o que inclui o delineamento de um novo fluxograma, e a efetiva implantação do que foi definido.
É nesta última fase que o envolvimento integral – de funcionários, diretores e todos aqueles que participam do dia-a-dia da empresa – será mais sentido. Aqueles que participaram das discussões, da elaboração dos diagnósticos e do delineamento das soluções tendem a dar uma resposta melhor, pois quando as pessoas têm a percepção de que ajudaram a construir as mudanças, resistem menos a elas.
Benção e a Alegria de ser RH
Existe um país chamado RH. Nele “mora” um povo especial: legisladores, educadores, técnicos, gente que cuida do pessoal.
Gente que recruta, seleciona e contrata também paga, desconta e aposenta. Povo que cuida da saúde, do alimento, providencia o transporte, cuida de quem bebe, de quem fuma de quem tem problemas e pendências. Povo que treina, desenvolve e recicla que briga pelo salário e pelo benefício, conversa com sindicato e direção.
Fiel da balança entre Capital e Trabalho.
Cuida de um, pensando no outro.
Gente que apesar de tanta função, prática e burocrática, sonham e procura conectar a alma das pessoas, “reinventar” a motivação, resgatar o brilho no olhar, gente que acredita no ser humano e garimpam talentos.
Seu grande desafio é fazer o concreto e sonhar com o abstrato, receber na chegada e desligar na saída, satisfazer o empregado e o patrão, “um olho na missa e o outro no padre”, tempo para educar e tempo para punir. Plural e Singular.
A sina do RH é atuar na contradição, “ser empregado esquecendo que o é, ser patrão lembrando que não o é”.
Polêmicas e contradições à parte, eu sei que para ser RH o que conta é a postura, é preciso vocação, trabalhar como missão, exercer o oficio com sensibilidade e razão.
Ter nervos de aço, ser régua e o compasso…
Parabéns a todos que trabalham com RH…